Publicado em Artigo, Educação, Educação Infantil, Matemática, PDF por Pedagogia ao Pé da Letra no dia 18 de agosto de 2013. Link:http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/a-construcao-de-conceitos-matematicos-por-alunos-da-educacao-infantil/
A CONSTRUÇÃO DE CONCEITOS MATEMÁTICOS POR ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
O papel da Educação Infantil hoje é de cunho pedagógico. As
crianças até 6 anos não freqüentam a escola apenas para brincar ou se
socializar. Elas estão nesta faixa etária construindo conceitos. No início são
pré-conceitos, indícios. Gradativamente vão sendo construídos conceitos
lógico-matemáticos.
A construção do conceito de número,
por exemplo, começa muito antes da entrada na escola. Desde que em sua casa,
nas relações cotidianas, a criança tem oportunidade de lidar com situações que
envolvam ordenação, seriação, classificação, já estará se iniciando a
construção deste conceito.
Caberá, desde a Educação
Infantil, organizar experiências que privilegiem a formação de diferentes
conceitos. Através de jogos e brincadeiras vão se estruturando experiências que
levarão à construção dos conceitos de tempo, espaço, distância, limites, entre
outros.
Auxiliando
os alunos na formação de conceitos matemáticos e na construção do conceito de
número o professor não ensina conceitos aos alunos, ele os ajuda a
construí-los.
Um bom exemplo disto é o da
construção do conceito de número, que envolve a conservação de quantidades.
Uma criança pode ser auxiliada
até chegar à construção do conceito de conservação de quantidades, porém não se
pode ensinar esta conservação.
Para que a criança construa o
conceito de número, que é um conceito complexo, é preciso que o professor lhe
ofereça inúmeras atividades de classificação, seriação, ordenação de
quantidades.
Só a partir de experiências
relevantes e dosadas para a criança é que ela poderá abstrair características
comuns que a levem a formar determinados conceitos.
Deve-se respeitar o rítmo da
criança sem, contudo, ficar apenas esperando que ela construa os conceitos.
Para ajudar a construir o
conceito de número, por exemplo, que é um conceito lógico-matemático, deve-se
propiciar experiências em diferentes graus de complexidade, isto porque, este é
um conceito cuja construção demanda tempo e envolve várias gradações: números
naturais, racionais, negativos, reais, complexos.
As
fases porque passam a construção e compreensão de um conceito matemático
A construção
e compreensão de um conceito matemático passa por duas fases. Em primeiro
lugar, ele deveria ser utilizado como ferramenta em um contexto bem definido,
ou seja deveria ser abordado como algo que ajuda a resolver um problema.
Em segundo lugar, após ter
sido utilizado como ferramenta contextualizada, o conceito precisa ser
descontextualizado, adquirindo status de saber matemático abstrato e
independente.
Paradoxalmente, esta
abstração é que faz com que ele possa ser utilizado em outros contextos, voltando
a ser uma ferramenta.
O
ensino da Matemática deve partir sempre de problemas que fazem sentido para o
aluno, nos quais ele possa perceber o funcionamento de ferramentas matemáticas
e o efeito que elas têm sobre a resolução destes problemas.
Inicialmente devem ser
vivenciadas experiências concretas para que, gradativamente, o aluno possa
chegar às abstrações. Material concreto como bolas, palitos, fichas, chapinhas
devem estar à disposição dos alunos para serem manipulados.
Uma abstração crescente, até
chegar-se ao conceito matemático puro, sem ligações com a aplicação ou a realidade,
deve ser cuidadosamente dosada, de acordo com o nível de compreensão dos
alunos. Em seguida, deve-se realizar uma volta a situações “concretas” em que o
conceito possa ser explorado.
A capacidade de reconhecer,
em situações novas, conceitos descontextualizados é o teste real da compreensão
de um conceito matemático.
Desta forma deve-se lidar com
situações do cotidiano, utilizar material concreto, caminhar em direção aos
conceitos matemáticos de forma abstrata, voltar a situações concretas onde os
mesmos possam ser aplicados, reconhecendo em novas situações conceitos
descontextualizados.
O uso
da linguagem matemática pelos alunos
Deve-se entender o uso da linguagem matemática fazendo-se uma
analogia desta com a Língua Portuguesa.Quando as crianças começam a se
expressar usando sua própria língua fazem construções aparentemente ilógicas
como “eu faz, eu
di“.
Ao procurar uma relação
lógica no uso dos verbos, tentanto regularizar os verbos irregulares, a criança
comete erros já que a língua possui sua própria organização, nem sempre muito
lógica.
Gradativamente, as crianças
passam a dominar a organização da língua materna, sem necessidade de correção.
O próprio contato com a língua favorece seu uso adequado.
Da mesma forma o uso correta
da Gramática da Matemática será adquirido pelo aluno a partir do contato com
esta linguagem.
Não se deve exigir muito cedo
que a criança domine a simbologia e a linguagem específica da Matemática. Tanto
quanto no domínio da língua materna será preciso que se deixem as crianças
utilizarem seu modo de expressão inicial oferecendo-se oportunidades para que
mantenham contato com a linguagem correta.
O
papel dos livros didáticos no ensino da Matemática
No
Brasil, há muito tempo os livros didáticos vêm sendo questionados.
Normalmente, em sua maioria,
os livros didáticos, na área de Matemática, vêem o aluno passivamente, como
simples repetidor de modelos.
Muitas vezes, determinados
capítulos destes livros discutem conceitos desnecessários, sem relação uns com
os outros.
Um bom exemplo disto é o
capítulo dedicado à Teoria dos Conjuntos, presente em todos os livros iniciais
de Matemática, como um capítulo estanque da chamada “Matemática Moderna” .
Todos os livros didáticos incorporaram este tema sem, no entanto, relacioná-lo
a outros conceitos.
Há uma enorme necessidade de
renovação dos livros didáticos em Matemática, modificando-se a organização
deles e até revendo-se conceitos ensinados de forma errônea.
O
papel da TV, dos vídeos e dos computadores no auxílio ao professor de Matemática
e vice-versa.
A
escola precisa incorporar as novas tecnologias que estão surgindo. A televisão
e o vídeo, hoje, são muito importantes na vida de crianças e adolescentes. É
necessário, para que a escola entre em sintonia com seu tempo, que estes recursos
sejam melhor aproveitados já que podem contribuir, e muito, para o ensino da
Matemática.
A imagem tem um grande poder
de sedução sobre os jovens e as crianças e pode ser usada, sob diferentes
formas, inclusive, em movimentos de computação gráfica. A televisão, os vídeos
e o computador podem apresentar de forma integrada um trabalho de imagens que
venha facilitar a construção de conceitos matemáticos.
Problemas do cotidiano,
desafios matemáticos que precisam ser vencidos, podem ser apresentados sob a forma
de imagens em movimento.
O mundo mágico das imagens de
TV, vídeo e computador podem ser instrumentos valiosos para auxiliar os
professores em seu trabalho com os alunos.
Funções, relações, gráficos
podem ser melhor compreendidos com o uso da computação.
A própria Geometria, (os
movimentos das figuras, a comparação entre elas), se torna mais clara com o uso
de imagens.
Este trabalho, quando bem
realizado, leva os alunos à descoberta de regras sem necessidade de
memorização.
Embora, sem dúvida, o trabalho
com as novas tecnologias facilite o trabalho do professor não há possibilidade
de substituí-lo.
Ao contrário, quanto mais as
máquinas se desenvolvem mais necessária se torna a figura do professor que cada
dia mais terá que se preocupar com o desafios que deve lançar aos alunos para
que estes se apropriem dos conceitos matemáticos. É preciso ensinar a pensar,
analisar, já que as máquinas podem rapidamente realizar diferentes operações.