ENSINAR SAÚDE OU EDUCAR
PARA A SAÚDE?
Quando
inicia sua vida escolar, a criança traz consigo a valoração de comportamentos favoráveis
ou desfavoráveis à saúde oriundos da família e outros grupos de relação mais
direta. Durante a infância e a adolescência, épocas decisivas na construção de
condutas, a escola passa a assumir papel destacado devido à sua função social e
por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e
contínuo. Deve, por isso, assumir explicitamente a responsabilidade pela
educação para a saúde, já que a conformação de atitudes estará fortemente
associada a valores que o professor e toda a comunidade escolar transmitirão
inevitavelmente aos alunos durante o convívio escolar.
A
organização do trabalho das áreas em torno de temas relativos à saúde permite
que o desenvolvimento dos conteúdos possa se processar regularmente e de modo
contextualizado. Pode-se, por exemplo, medir a estatura dos alunos e
cotejá-las, desenvolvendo, a partir desse exercício, o conceito de medida, o
estudo de diferentes formas de registro das informações coletadas, a herança
genética e a diversidade, o estado nutricional de cada aluno e do grupo. O tratamento
transversal do tema deve-se exatamente ao fato de sua abordagem dar-se
no cotidiano da experiência escolar e não no estudo de uma “matéria”.
A educação para a Saúde cumprirá
seus objetivos ao conscientizar os alunos para o direito à saúde, sensibilizá-los
para a busca permanente da compreensão de seus determinantes e capacitá-los para
a utilização de medidas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde
ao seu alcance.
OS
CONTEÚDOS DE SAÚDE PARA O PRIMEIRO E SEGUNDO CICLOS
Na busca de
atingir os objetivos elencados de modo coerente com a concepção de saúde, os
conteúdos foram selecionados levando-se em conta os seguintes critérios:
• a relevância no
processo de crescimento e desenvolvimento em quaisquer condições de vida e
saúde particulares à criança e sua realidade social;
• os fatores de
risco mais significativos na realidade brasileira e na faixa etária dos alunos
do ensino fundamental;
• a possibilidade
de prestar-se à reflexão conjunta sobre as medidas de promoção, proteção e
recuperação da saúde;
• a possibilidade
de tradução da aprendizagem em práticas de cuidado à saúde pessoal e coletiva
ao alcance do aluno.
BLOCOS DE CONTEÚDOS
Os conteúdos selecionados foram
organizados em blocos que lhes dão sentido e cumprem a função de indicar as
dimensões individual e social da saúde. São eles: Autoconhecimento para o
autocuidado e Vida coletiva.
AUTOCONHECIMENTO
PARA O AUTOCUIDADO
Para atender a essa meta é
necessário que o trabalho educativo tenha como referência as transformações
próprias do crescimento e desenvolvimento humanos e promova o desenvolvimento
da consciência crítica em relação aos fatores que intervêm positiva ou
negativamente.
Conteúdos a serem
desenvolvidos:
• identificação
de necessidades e características pessoais, semelhanças e diferenças entre as
pessoas, pelo estudo do crescimento e desenvolvimento humano nas diferentes fases
da vida (concepção, crescimento intrauterino, nascimento/recém-nascido,
criança, adolescente, adulto, idoso);
• identificação,
no próprio corpo, da localização e da função simplificada dos principais órgãos
e aparelhos, relacionando-os aos
aspectos básicos
das funções de relação (sensações e movimentos), nutrição
(digestão, circulação,
respiração e excreção) e reprodução;
• adoção de
postura física adequada;
• identificação e
expressão de sensações de dor ou desconforto (fome, sede, frio, prisão de ventre,
febre, cansaço, diminuição da acuidade visual ou auditiva);
• valorização do
exame de saúde periódico como fator de proteção à saúde;
• finalidades da
alimentação (incluídas as necessidades corporais, socioculturais e
emocionais) relacionadas ao processo
orgânico de nutrição;
• identificação
dos alimentos disponíveis na comunidade e de seu valor nutricional;
• valorização da
alimentação adequada como fator essencial para o crescimento e desenvolvimento,
assim como para a prevenção de doenças como desnutrição, anemias ou cáries;
• noções gerais
de higiene dos alimentos relativas à produção, transporte, conservação, preparo
e consumo;
• reconhecimento
das doenças associadas à falta de higiene no trato com alimentos: intoxicações,
verminoses, diarréias e desidratação; medidas simples de prevenção e
tratamento;
• identificação das doenças
associadas à ingestão de água imprópria para o consumo humano; procedimentos de
tratamento doméstico da água;
• rejeição ao
consumo de água não potável;
• medidas
práticas de autocuidado para a higiene corporal: utilização adequada de
sanitários, lavagem das mãos antes das refeições e após as eliminações, limpeza
de cabelos e unhas, higiene bucal, uso de vestimentas e calçados apropriados,
banho diário;
• valorização da
prática cotidiana e progressivamente mais autônoma de hábitos de higiene
corporal favoráveis à saúde;
•
responsabilidade pessoal na higiene corporal como fator de proteção à saúde
individual e coletiva;
• respeito às
potencialidades e limites do próprio corpo e do de terceiros.
VIDA
COLETIVA
É nos espaços coletivos que se
produz a condição de saúde da comunidade e, em grande parte, de cada um de seus
componentes. Na escola, é possível propiciar o desenvolvimento das atitudes de
solidariedade e cooperação nas pequenas ações do cotidiano e nas interações do
convívio escolar.
A experiência de identificar e atuar
sobre as necessidades de saúde da comunidade contribui na formação para o
exercício da cidadania.
Conteúdos a serem desenvolvidos:
• conhecimento dos recursos
disponíveis para a criança (atividades e serviços) para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, das possibilidades de uso que oferecem e das formas de
acesso a eles;
• formas de participação em ações
coletivas acessíveis à criança em sua comunidade;
• conhecimento do calendário vacinal
e da sua própria situação vacinal;
• principais sinais e sintomas das
doenças transmissíveis mais comuns na realidade do aluno, formas de contágio,
prevenção e tratamento precoce para a proteção da saúde pessoal e de terceiros;
•
agravos ocasionados pelo uso de drogas (fumo, álcool e entorpecentes);
•
conhecimento das normas básicas de segurança no manejo de instrumentos, no
trânsito e na prática de atividades físicas;
•
medidas simples de primeiros socorros diante de: escoriações e contusões, convulsões,
mordidas de animais, queimaduras, desmaios, picadas de insetos, torções e
fraturas, afogamento, intoxicações, cãimbras, febre, choque elétrico,
sangramento nasal, diarréia e vômito, acidentes de trânsito;
•
fatores ambientais mais significativos para a saúde presentes no dia-adia da
criança: sistema de tratamento da água, formas de destino de dejetos humanos e
animais, lixo e agrotóxicos;
•
mapeamento das transformações necessárias no ambiente em que se vive;
•
relações entre a preservação e recuperação ambientais e a melhoria da qualidade
de vida e saúde;
•
rejeição aos atos de destruição do equilíbrio e sanidade ambientais;
•
participação ativa na conservação de ambiente limpo e saudável no domicílio, na
escola e nos lugares públicos em geral;
•
solidariedade diante dos problemas e necessidades de saúde dos demais, por meio
de atitudes de ajuda e proteção a pessoas portadoras de deficiências e a
doentes.
CRITÉRIOS
DE AVALIAÇÃO
Os critérios de avaliação aqui apresentados servem como
parâmetro para que o professor possa realocar recursos para o cumprimento dos
objetivos propostos. A apropriação total dos conceitos, procedimentos e
atitudes é desejada apenas ao final do segundo ciclo.
• Expressar suas necessidades de atenção à Saúde Espera-se que o aluno seja
capaz de perceber, discernir e comunicar sensações de desconforto ou dor,
sabendo localizá-las em seu corpo e buscando ajuda quando necessário.
• Responsabilizar-se com crescente autonomia por sua
higiene corporal, percebendoa como fator de bem-estar e como valor da
convivência social Espera-se que o aluno seja capaz de executar ações de higiene
corporal de maneira autônoma e reconhecer a importância de sua realização
cotidiana. Incluem-se entre as ações básicas: lavar as mãos antes das refeições
e após o uso do banheiro, tomar banho diário, cuidar de cabelos e unhas,
escovar os dentes após as refeições e utilizar adequadamente o sanitário.
• Conhecer e desenvolver hábitos alimentares favoráveis
ao crescimento e ao desenvolvimento
Espera-se que o aluno seja
capaz de descrever as necessidades nutricionais básicas do organismo humano,
indicando os alimentos adequados para a composição de um cardápio nutritivo
utilizando os recursos e a cultura alimentares de sua região.
• Conhecer e evitar os principais riscos de acidentes no
ambiente doméstico, na escola e em outros lugares públicos Espera-se que o aluno seja
capaz de identificar e evitar os principais riscos de acidentes, e de valorar
adequadamente as situações de risco à integridade e à saúde pessoais e de
terceiros.
• Conhecer e utilizar medidas de primeiros socorros ao
seu alcance Espera-se que o aluno seja capaz de realizar procedimentos básicos
de primeiros socorros em caso de pequenos acidentes. Incluem-se: a higienização
de ferimentos superficiais, o uso de compressas frias em caso de contusões, o
controle de perda de sangue pelo nariz, etc. Ao final do segundo ciclo, o aluno
deve ainda ser capaz de discernir problemas de maior gravidade, reconhecendo a
necessidade de buscar auxílio de adultos e/ou profissionais de saúde.
• Reconhecer as doenças transmissíveis mais comuns em sua
região Espera-se
que o aluno seja capaz de reconhecer as doenças transmissíveis mais comuns em
seu meio, identificando as condições sanitárias associadas à sua ocorrência, as
formas de contágio e prevenção, assim como os sinais, sintomas e cuidados
básicos para a cura.
• Relacionar-se e comunicar-se produtivamente nas
diferentes situações do convívio Escolar Espera-se que o aluno seja capaz de levar em
consideração a presença, possibilidades e necessidades de outros, assim como as
suas próprias, na organização de suas ações e poder, pela comunicação, estabelecer com eles
critérios de convivência e formas de resolver situações de conflito.
•
Conhecer os recursos de saúde disponíveis e necessários para a saúde da
comunidade
Espera-se que o aluno seja capaz de
demonstrar conhecimento crítico a respeito da função dos diferentes serviços de
saúde, assim como das formas de acesso aos serviços existentes na região em que
vive.
•
Agir na perspectiva da saúde coletiva Espera-se
que o aluno seja capaz de ter atitudes de
responsabilidade e solidariedade em relação às necessidades de saúde
coletivas, colaborando com seus diversos grupos de inserção em ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde.
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