sábado, 14 de março de 2015

PCN TEMA TRANSVERSAL - SAUDE

ENSINAR SAÚDE OU EDUCAR PARA A SAÚDE?
            Quando inicia sua vida escolar, a criança traz consigo a valoração de comportamentos favoráveis ou desfavoráveis à saúde oriundos da família e outros grupos de relação mais direta. Durante a infância e a adolescência, épocas decisivas na construção de condutas, a escola passa a assumir papel destacado devido à sua função social e por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contínuo. Deve, por isso, assumir explicitamente a responsabilidade pela educação para a saúde, já que a conformação de atitudes estará fortemente associada a valores que o professor e toda a comunidade escolar transmitirão inevitavelmente aos alunos durante o convívio escolar.
            A organização do trabalho das áreas em torno de temas relativos à saúde permite que o desenvolvimento dos conteúdos possa se processar regularmente e de modo contextualizado. Pode-se, por exemplo, medir a estatura dos alunos e cotejá-las, desenvolvendo, a partir desse exercício, o conceito de medida, o estudo de diferentes formas de registro das informações coletadas, a herança genética e a diversidade, o estado nutricional de cada aluno e do grupo. O tratamento transversal do tema deve-se exatamente ao fato de sua abordagem dar-se no cotidiano da experiência escolar e não no estudo de uma “matéria”.
            A educação para a Saúde cumprirá seus objetivos ao conscientizar os alunos para o direito à saúde, sensibilizá-los para a busca permanente da compreensão de seus determinantes e capacitá-los para a utilização de medidas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde ao seu alcance.
OS CONTEÚDOS DE SAÚDE PARA O PRIMEIRO E SEGUNDO CICLOS
            Na busca de atingir os objetivos elencados de modo coerente com a concepção de saúde, os conteúdos foram selecionados levando-se em conta os seguintes critérios:
            • a relevância no processo de crescimento e desenvolvimento em quaisquer condições de vida e saúde particulares à criança e sua realidade social;
            • os fatores de risco mais significativos na realidade brasileira e na faixa etária dos alunos do ensino fundamental;
            • a possibilidade de prestar-se à reflexão conjunta sobre as medidas de promoção, proteção e recuperação da saúde;
            • a possibilidade de tradução da aprendizagem em práticas de cuidado à saúde pessoal e coletiva ao alcance do aluno.
            BLOCOS DE CONTEÚDOS
            Os conteúdos selecionados foram organizados em blocos que lhes dão sentido e cumprem a função de indicar as dimensões individual e social da saúde. São eles: Autoconhecimento para o autocuidado e Vida coletiva.
            AUTOCONHECIMENTO PARA O AUTOCUIDADO
            Para atender a essa meta é necessário que o trabalho educativo tenha como referência as transformações próprias do crescimento e desenvolvimento humanos e promova o desenvolvimento da consciência crítica em relação aos fatores que intervêm positiva ou negativamente.
            Conteúdos a serem desenvolvidos:
            • identificação de necessidades e características pessoais, semelhanças e diferenças entre as pessoas, pelo estudo do crescimento e desenvolvimento humano nas diferentes fases da vida (concepção, crescimento intrauterino, nascimento/recém-nascido, criança, adolescente, adulto, idoso);
            • identificação, no próprio corpo, da localização e da função simplificada dos principais órgãos e  aparelhos, relacionando-os aos aspectos básicos
das funções de relação (sensações e movimentos), nutrição (digestão, circulação,
respiração e excreção) e reprodução;
            • adoção de postura física adequada;
            • identificação e expressão de sensações de dor ou desconforto (fome, sede, frio, prisão de ventre, febre, cansaço, diminuição da acuidade visual ou auditiva);
            • valorização do exame de saúde periódico como fator de proteção à saúde;
            • finalidades da alimentação (incluídas as necessidades corporais, socioculturais e emocionais)  relacionadas ao processo orgânico de nutrição;
            • identificação dos alimentos disponíveis na comunidade e de seu valor nutricional;
            • valorização da alimentação adequada como fator essencial para o crescimento e desenvolvimento, assim como para a prevenção de doenças como desnutrição, anemias ou cáries;
            • noções gerais de higiene dos alimentos relativas à produção, transporte, conservação, preparo e consumo;
            • reconhecimento das doenças associadas à falta de higiene no trato com alimentos: intoxicações, verminoses, diarréias e desidratação; medidas simples de prevenção e tratamento;
            • identificação das doenças associadas à ingestão de água imprópria para o consumo humano; procedimentos de tratamento doméstico da água;
            • rejeição ao consumo de água não potável;
            • medidas práticas de autocuidado para a higiene corporal: utilização adequada de sanitários, lavagem das mãos antes das refeições e após as eliminações, limpeza de cabelos e unhas, higiene bucal, uso de vestimentas e calçados apropriados, banho diário;
            • valorização da prática cotidiana e progressivamente mais autônoma de hábitos de higiene corporal favoráveis à saúde;
            • responsabilidade pessoal na higiene corporal como fator de proteção à saúde individual e coletiva;
            • respeito às potencialidades e limites do próprio corpo e do de terceiros.

            VIDA COLETIVA
            É nos espaços coletivos que se produz a condição de saúde da comunidade e, em grande parte, de cada um de seus componentes. Na escola, é possível propiciar o desenvolvimento das atitudes de solidariedade e cooperação nas pequenas ações do cotidiano e nas interações do convívio escolar.
            A experiência de identificar e atuar sobre as necessidades de saúde da comunidade contribui na formação para o exercício da cidadania.
            Conteúdos a serem desenvolvidos:
            • conhecimento dos recursos disponíveis para a criança (atividades e serviços) para a promoção, proteção e recuperação da saúde, das possibilidades de uso que oferecem e das formas de acesso a eles;
            • formas de participação em ações coletivas acessíveis à criança em sua comunidade;
            • conhecimento do calendário vacinal e da sua própria situação vacinal;
            • principais sinais e sintomas das doenças transmissíveis mais comuns na realidade do aluno, formas de contágio, prevenção e tratamento precoce para a proteção da saúde pessoal e de terceiros;
            • agravos ocasionados pelo uso de drogas (fumo, álcool e entorpecentes);
            • conhecimento das normas básicas de segurança no manejo de instrumentos, no trânsito e na prática de atividades físicas;
            • medidas simples de primeiros socorros diante de: escoriações e contusões, convulsões, mordidas de animais, queimaduras, desmaios, picadas de insetos, torções e fraturas, afogamento, intoxicações, cãimbras, febre, choque elétrico, sangramento nasal, diarréia e vômito, acidentes de trânsito;
            • fatores ambientais mais significativos para a saúde presentes no dia-adia da criança: sistema de tratamento da água, formas de destino de dejetos humanos e animais, lixo e agrotóxicos;
            • mapeamento das transformações necessárias no ambiente em que se vive;
            • relações entre a preservação e recuperação ambientais e a melhoria da qualidade de vida e saúde;
            • rejeição aos atos de destruição do equilíbrio e sanidade ambientais;
            • participação ativa na conservação de ambiente limpo e saudável no domicílio, na escola e nos lugares públicos em geral;
            • solidariedade diante dos problemas e necessidades de saúde dos demais, por meio de atitudes de ajuda e proteção a pessoas portadoras de deficiências e a doentes.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
            Os critérios de avaliação aqui apresentados servem como parâmetro para que o professor possa realocar recursos para o cumprimento dos objetivos propostos. A apropriação total dos conceitos, procedimentos e atitudes é desejada apenas ao final do segundo ciclo.
            • Expressar suas necessidades de atenção à Saúde Espera-se que o aluno seja capaz de perceber, discernir e comunicar sensações de desconforto ou dor, sabendo localizá-las em seu corpo e buscando ajuda quando necessário.
            • Responsabilizar-se com crescente autonomia por sua higiene corporal, percebendoa como fator de bem-estar e como valor da convivência social Espera-se que o aluno seja capaz de executar ações de higiene corporal de maneira autônoma e reconhecer a importância de sua realização cotidiana. Incluem-se entre as ações básicas: lavar as mãos antes das refeições e após o uso do banheiro, tomar banho diário, cuidar de cabelos e unhas, escovar os dentes após as refeições e utilizar adequadamente o sanitário.
            • Conhecer e desenvolver hábitos alimentares favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento
Espera-se que o aluno seja capaz de descrever as necessidades nutricionais básicas do organismo humano, indicando os alimentos adequados para a composição de um cardápio nutritivo utilizando os recursos e a cultura alimentares de sua região.
            • Conhecer e evitar os principais riscos de acidentes no ambiente doméstico, na escola e em outros lugares públicos Espera-se que o aluno seja capaz de identificar e evitar os principais riscos de acidentes, e de valorar adequadamente as situações de risco à integridade e à saúde pessoais e de terceiros.
            • Conhecer e utilizar medidas de primeiros socorros ao seu alcance Espera-se que o aluno seja capaz de realizar procedimentos básicos de primeiros socorros em caso de pequenos acidentes. Incluem-se: a higienização de ferimentos superficiais, o uso de compressas frias em caso de contusões, o controle de perda de sangue pelo nariz, etc. Ao final do segundo ciclo, o aluno deve ainda ser capaz de discernir problemas de maior gravidade, reconhecendo a necessidade de buscar auxílio de adultos e/ou profissionais de saúde.
            • Reconhecer as doenças transmissíveis mais comuns em sua região Espera-se que o aluno seja capaz de reconhecer as doenças transmissíveis mais comuns em seu meio, identificando as condições sanitárias associadas à sua ocorrência, as formas de contágio e prevenção, assim como os sinais, sintomas e cuidados básicos para a cura.
            • Relacionar-se e comunicar-se produtivamente nas diferentes situações do convívio Escolar Espera-se que o aluno seja capaz de levar em consideração a presença, possibilidades e necessidades de outros, assim como as suas próprias, na organização de suas ações e poder, pela comunicação, estabelecer com eles critérios de convivência e formas de resolver situações de conflito.
            • Conhecer os recursos de saúde disponíveis e necessários para a saúde da comunidade
Espera-se que o aluno seja capaz de demonstrar conhecimento crítico a respeito da função dos diferentes serviços de saúde, assim como das formas de acesso aos serviços existentes na região em que vive.
            • Agir na perspectiva da saúde coletiva Espera-se que o aluno seja capaz de ter atitudes de  responsabilidade e solidariedade em relação às necessidades de saúde coletivas, colaborando com seus diversos grupos de inserção em ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.


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